ANVISA aprova vacina da GSK contra Vírus Sincicial Respiratório para adultos com 60 anos ou mais. Doença pode causar complicações graves em idosos.

Frequentemente associado a infecções respiratórias em bebês, o VSR também é preocupante em adultos mais velhos, principalmente em pessoas com condições crônicas de saúde. 1,2,9,10

Esta é a primeira vacina registrada no Brasil contra o VSR e agora a população indicada poderá ter acesso à prevenção.17,18

O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é bem conhecido por pais de crianças pequenas, sendo uma das maiores causas de infecções respiratórias em bebês e, também, é um dos principais vírus associados à bronquiolite.2 Mas, o que muitos não sabem, é que o VSR também pode ser motivo de alerta para a população adulta, podendo ocasionar diversas complicações e infecções graves em idosos.1 Recentemente, a ANVISA aprovou a primeira vacina no país contra o VSR,
da biofarmacêutica GSK, para a imunização em adultos com 60 anos ou mais. 17,18

O VSR é um vírus altamente contagioso e pode afetar o sistema respiratório, como nariz, garganta, brônquios e pulmões. Em idosos, o VSR também é incidente, mas é pouco conhecido e é subdiagnosticado.3-5 A razão para a preocupação nesta faixa etária é que a doença geralmente ocorre com uma frequência semelhante à gripe, porém com circulação que se inicia em março e se estende até à primavera, e há risco de desfechos graves, como piora de quadros de doença pulmonar, pneumonia grave, e até o óbito. 1,6,13,14 Segundo pesquisas, a letalidade pode ser até 20 vezes maior em adultos mais velhos, do que em crianças.13

A Dra. Lessandra Michelin (CRM 23494-RS), infectologista e gerente médica de vacinas da GSK, explica sobre os riscos em idosos, principalmente com condições crônicas de saúde préexistentes, também chamadas de comorbidades, o que leva a um incremento, ainda maior, de infecções e complicações graves.9,10

“O Vírus Sincicial Respiratório é um vírus comum, de fácil contágio, e geralmente causa sintomas leves, que podem ser confundidos com um resfriado, como coriza, tosse, febre e mal-estar. Mas em idosos e adultos com certas condições médicas, o VSR pode causar infecções mais sérias. As condições crônicas de saúde, que levam ao maior risco de hospitalização, são pessoas com diabetes, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), asma e insuficiência cardíaca congestiva (ICC)”, conta.


Transmissão e sintomas


Semelhante a algumas outras infecções respiratórias como a gripe e a COVID-19, o Vírus Sincicial Respiratório pode ser facilmente transmitido através de gotículas expelidas ao tossir, espirrar, contatos próximos, como beijo, ou por superfícies contaminadas. Pessoas infectadas geralmente transmitem o vírus por até oito dias e, além disso, podem propagá-lo um ou dois dias antes de começarem a apresentar os primeiros sinais da doença. No entanto, alguns indivíduos, especialmente aqueles com sistema imunológico enfraquecido, podem continuar disseminando o vírus mesmo depois de cessarem os sintomas, por até quatro semanas.2,7,8,10


Nos Estados Unidos, anualmente, segundo dados do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), o VSR leva a aproximadamente de 60 a 160 mil hospitalizações e de 6 a 10 mil óbitos, em adultos com 65 anos ou mais.12 No Brasil, entre 2020 e 2022 foram notificados mais de 30 mil casos da doença, com uma taxa de letalidade de 20,77% em 2022 em adultos de 60 anos ou mais. 13 Em 2023, dados atuais do INFOGripe mostram que letalidade foi de 19%.15

Com o passar dos anos, conforme vamos envelhecendo, o nosso sistema imunológico normalmente vai enfraquecendo e, com isso, tem mais dificuldade em combater infecções. E, em indivíduos adultos e idosos que possuem comorbidades, esse risco é ainda maior, podendo levar até a morte. Estudos mostram que a infecção por VSR pode ser uma causa significativa de DPOC e exacerbações de asma. Idosos com DPOC podem ter até 13 vezes mais probabilidade de serem hospitalizados devido a complicações do VSR. Portadores de asma podem ter até 3,6 vezes mais possibilidade de hospitalizações e diabetes podem ter até 11 vezes mais. Já em idosos com insuficiência cardíaca congestiva, a doença pode ser ainda mais preocupante. Eles possuem até 33 vezes mais riscos de serem hospitalizados1,11,16, conta a infectologista.

 

Prevenção


Além da prevenção através da vacinação – que estará disponível no país em 2024 para a população com 60 anos ou mais -, algumas outras medidas podem ajudar a prevenir o contágio e transmissão, como lavar as mãos frequentemente; evitar tocar no rosto, nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas; cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar; evitar contato próximo com pessoas doentes; limpar e desinfetar superfícies que são tocadas com frequência; e evitar sair de casa quando estiver doente.1,17,18


“É necessário mencionar também que as crianças pequenas são frequentemente expostas e infectadas pelo VSR, principalmente em ambientes como creches, escolas, festinhas e parquinhos, e eles podem então transmitir o vírus a outros membros da família, especialmente para os adultos mais velhos, como os avós. Por isso, é muito importante que as pessoas, principalmente os idosos, conheçam mais sobre a doença, seus riscos, formas de prevenção e procure um médico caso tenham sintomas respiratórios.”, finaliza Dra. Lessandra.

 

Referências:

  1. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Respiratory Syncytial Virus Infection (RSV). RSV in older adults and adults with chronic medical conditions. Disponível em: <https://www.cdc.gov/rsv/high-risk/older-adults.html>. Acesso em: 4 de dezembro de 2023.
  2. SOCIEDADE BRASILEIRA DE IMUNIZAÇÕES. Vírus sincicial respiratório (VSR). Disponível em: <https://familia.sbim.org.br/doencas/virus-sincicial-respiratorio-vsr>. Acesso em: 4 de dezembro de 2023.
  3. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Older adults are at high risk for severe RSV infection. Disponível em: <https://www.cdc.gov/rsv/factsheet-older-adults.pdf>. Acesso em: 4 de dezembro de 2023.
  4. Tseng HF, Sy LS, Ackerson B, et al. Severe morbidity and short- and mid to long-term mortality in older adults hospitalized with respiratory syncytial virus infection. J Infect Dis. 2020;222(8):1298- 1310.doi:10.1093/infdis/jiaa361
  5. Papi A, Ison MG, Langley JM, et al., for the AReSVi-006 Study Group. Respiratory syncytial virus prefusion F protein vaccine in older adults. N Engl J Med. 2023; 388(7):595-608. doi:10.1056/NEJMoa2209604
  6. MAYO CLINIC. Respiratory syncytial virus (RSV). RSV symptoms and causes. Disponível em: <https://www.mayoclinic.org/diseases-conditions/respiratory-syncytialvirus/symptomscauses/syc-20353098>. Acesso em: 4 de dezembro de 2023.
  7. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Respiratory Syncytial Virus Infection (RSV). RSV transmission. Disponível em: <https://www.cdc.gov/rsv/about/transmission.html>. Acesso em: 4 de dezembro de 2023.
  8. Schweitzer JW, Justice NA. Respiratory syncytial virus infection. NCBI Bookshelf. StatPearls [Internet]. 2022;1-6. Disponível em: <https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK459215/>. Acesso em: 4 de dezembro de 2023.
  9. Mesa-Frias M, Rossi C, Edmond B, et al. Incidence and economic burden of respiratory syncytial virus among adults in the United States: a retrospective analysis using 2 insurance claims databases. J Manag Care Spec Pharm. 2022;28(7):753-765. doi:10.18553/jmcp.2022.21459
  10. NATIONAL FOUNDATION FOR INFECTIOUS DISEASES. Respiratory syncytial virus in older adults: a hidden annual epidemic. Disponível em:
    <https://www.nfid.org/wpcontent/uploads/2019/08/rsv-report.pdf>. Acesso em: 4 de dezembro de 2023.
  11. Branche AR, Saiman L, Walsh EE, et al. Incidence of respiratory syncytial virus infection among hospitalized adults, 2017–2020. ClinInfect Dis. 2022;74(6):1004-1011. doi:10.1093/cid/ciab595
  12. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Respiratory Syncytial Virus Infection (RSV). RSV Surveillance & Research. Disponível em:
    <https://www.cdc.gov/rsv/research/index.html>. Acesso em: 4 de dezembro de 2023.
  13. THE BRAZILIAN JOURNAL OF INFECTIOUS DISEASES. Casos graves de Vírus Sincicial Respiratório em anos de pandemia: uma análise retrospectiva da base de dados do SIVEP-GRIPE no Brasil (2020-2022). Volume 27, Supplement 1, October 2023. Disponível em: <https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1413867023003896>. Acesso em: 4 de dezembro de 2023.
  14. BRASIL. Ministério da Saúde. Nota técnica. Sazonalidade do Vírus Sincicial Respiratório no Brasil. 2015. Disponível em: <https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/biblioteca/sazonalidade-do-virussincicial-respiratorio-no-brasil/>. Acesso em: 4 de dezembro de 2023.
  15. BRASIL. Ministério da Saúde. Informe Vigilância das Síndromes Gripais. Semana Epidemiológica 46 (21 de novembro de 2023). Disponível em: <https://www.gov.br/saude/ptbr/assuntos/coronavirus/atualizacao-de-casos/informe-se-46-vigilancia-das-sindromes-gripaisinfluenza-covid-19-e-outros-virus-respiratorios-de-importancia-em-saude-publica>. Acesso em: 4 de dezembro de 2023.
  16. Colosia AD, Yang J, Hillson E, et al. The epidemiology of medically attended respiratory syncytial virus in older adults in the United States: a systematic review. PLoS One. 2017;12(8):e0182321.doi:10.1371/journal.pone.0182321
  17. BRASIL. Ministério da Saúde. Anvisa aprova registro de primeira vacina para bronquiolite. Disponível em: < https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2023/anvisa-aprovaregistro-de-primeira-vacina-para-bronquiolite>. Acesso em: 4 de dezembro de 2023.
  18. DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO. Brasília, DF, 4 de dezembro de 2023, Seção 1, p. 148. Registro de Produto Biológico Novo. Aprovação de Arexvy pela Anvisa.
    NP-BR-RSA-PRSR-230001- Dezembro/2023